Trabalhar no terceiro setor não é fácil. A gente conhece bem os desafios diários. E também sabe que é a nossa equipe que sustenta esse fazer com afeto, coragem e muita entrega. Por isso, as pessoas precisam ser valorizadas, reconhecidas e cuidadas de verdade. Mas, como fazer isso num cenário em que nossa sustentabilidade financeira ainda depende majoritariamente da filantropia e de leis de incentivo, que quase nunca destinam recursos para o fortalecimento institucional?
A conta não fecha e a gente precisa falar mais sobre isso. Desde o nosso reposicionamento institucional aqui na Énois, no final do ano de 2024, as escutas que fizemos e os dados que temos sobre nossa equipe deixaram nítidos: era hora de sermos mais transparentes, e de a área de Relações Humanas (nosso RH) criar caminhos e processos que apoiassem melhor quem constrói a Énois todos os dias.
Duas ferramentas importantes nasceram desse processo: A avaliação de desempenho: um passo importante na construção de uma cultura de feedback, retornos, mais constante, transparente e estruturada. Pensamos esse processo não como uma ferramenta de controle, mas como uma oportunidade de troca: um momento em que cada pessoa pode olhar para o seu caminho, reconhecer suas potências, identificar pontos de atenção e, principalmente, construir planos de desenvolvimento de forma conjunta com suas lideranças. Já a política de cargos e salários: que ainda está em processo, vem pra organizar nossa casa com mais transparência.
Ela propõe um modelo estruturado de níveis, faixas salariais e escopos de trabalho, pensado de acordo com a realidade da Énois e com o compromisso de reduzir desigualdades internas, dar mais previsibilidade para quem está aqui e orientar processos futuros de contratação, movimentação interna e crescimento. A gente sabe que estruturar essas políticas num cenário de poucos recursos não é simples. Mas é urgente. Porque transparência, valorização e cuidado com as pessoas não são luxo, são base pra qualquer organização que queira existir de forma coerente com os valores que carrega.
Esses dois movimentos fazem parte do nosso compromisso com uma cultura mais saudável, mais justa e mais possível. É sobre cuidar de quem cuida. É sobre coerência institucional. É sobre o futuro que a gente quer construir. Com escuta, diálogo, conhecimento e adaptação — nossos novos valores — seguimos firmes no propósito de fortalecer coletivos de comunicação nas periferias, sem perder de vista quem torna isso possível: a nossa própria equipe. A gente ainda tá longe do ideal.
O sonho é avançar com mais benefícios garantidos. Um passo de cada vez, com responsabilidade, compromisso e muita vontade de construir um ambiente de trabalho mais justo, saudável e sustentável para quem tá aqui. Alô, filantropia: fortalecer o institucional é fortalecer o impacto. Bora investir em quem cuida?
Texto por Alexia Oliveira, assistente administrativo-financeiro da Énois