O ano é 2025, e os olhos do mundo estão voltados para a região Norte do Brasil. Mas a relação da Énois com esse território não é de agora. Mesmo nascida em São Paulo, nossa conexão com o Norte vem sendo construída há anos, em parceria com coletivos e comunicadores que hoje fazem parte da rede que fomentamos.
Em 2022, fortalecemos os laços com a segunda edição do programa Diversidade nas Redações, dedicado ao desenvolvimento institucional de iniciativas de jornalismo independente no Norte e Centro-Oeste. Foi um período intenso de trocas e aprendizados ao lado do Tapajós de Fato (PA), Carta Amazônia (PA), Correio do Lavrado (RR), Rondon Oficial (RO), Redação News (PA), Portal Manaós (AM) e Tocantins em Foco (TO), para destacar somente as organizações da região Norte.
Entre 2022 e 2023, aprofundamos ainda mais essa presença ao realizar cinco ciclos de formação do programa Jornalismo e Território – edição Justiça Climática, voltado para comunicadores de toda a região. Durante essa jornada, estreitamos laços com iniciativas como Abaré Jornalismo (AM), Maré Cheia Produtora (PA) e Na Cuia Produtora Cultural (PA), além de diversos outros comunicadores e comunicadoras.
Foi no TechCamp, em 2023, que essa conexão ganhou um novo significado. Pela primeira vez, representantes de iniciativas periféricas de todo o Brasil puderam vivenciar Belém e a região Norte de uma forma mais afetiva e visceral. Para muitas dessas organizações, esse contato direto com os saberes, territórios e comunicadores locais foi uma experiência transformadora.
Ao longo do evento, reunimos 60 representantes de iniciativas de jornalismo e comunicação independente de todo o Brasil para formações e mentorias. Além de um momento de muito aprendizado para a Énois, o TechCamp marcou uma virada de chave na forma como co-criamos nossos projetos: agora, com uma abordagem ainda mais descentralizada e fortalecendo pontes que antes pareciam distantes.
Ter construído essas relações ao longo dos anos significa muito para a Énois. Mais do que uma presença institucional, essa trajetória reflete um compromisso real com o território, com as pessoas e com a comunicação popular que nasce a partir dessas conexões.
Agora, em 2025, começamos o ano com uma edição especial do Prato Firmeza, o projeto mais longevo da casa, desta vez mergulhando na culinária de Belém e Manaus. Essa iniciativa vem sendo gestada desde 2021, com a consultoria da Clarinda Sateré Mawé, antropóloga e chef de cozinha da Casa de Comida Indígena Biatüwi, de Manaus.
Junto ao Tapajós de Fato, Puxirum do Bem Viver, Rede de Comunicadores da COIAB, Amanda LeLibras e outros profissionais da região, estamos cocriando um livro sobre a gastronomia das quebradas de Belém e Manaus. Porque contar essa história é também resgatar as raízes da culinária brasileira e sua conexão com os territórios e saberes ancestrais.
Texto por Jessica Mota, coordenadora do laboratório Énois