Se por um lado vemos o enfraquecimento de maneiras de qualificar o acesso à informação nas redes sociais, e o avanço de estratégias de desinformação também no offline, por outro, aqui na Énois, temos experimentado maneiras de fortalecer o tecido social por meio de acesso de informação verificada e de qualidade.
Entendemos que fortalecer o tecido social é fortalecer as conexões e discussões no “mundo real”. Em encontros que acontecem corpo a corpo. No ano passado, com o programa Diversidade nas Redações 3: Desinformação e Eleições, tivemos diversas experiências que promoveram esse fortalecimento.
Pudemos perceber como, ao abraçar a proposta de promover eventos de discussão sobre desinformação, esses espaços se tornaram potência de articulação territorial entre as iniciativas de comunicação popular e jornalismo com outras organizações e pessoas nos territórios que atuam. São pessoas se juntando a outras pessoas com o objetivo de melhorar o acesso à informação verificada em cidades como Belém, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Juazeiro e São Paulo.
Para algumas iniciativas de comunicação, não foi uma novidade, mas um impulsionamento para ir mais longe. Para outras, foi uma virada de chave.
O evento da Agência Carta Amazônia, em Belém, reuniu a diretora de uma escola municipal localizada na Ilha do Combu, um vereador, membros dos sindicatos de jornalistas e familiares.
Em Rio das Pedras, no Rio de Janeiro, a Agência Lume reuniu organizações de diversos setores que atuam na favela para promover a troca de experiências e diálogos em prol da região de Rio das Pedras e da Baixada de Jacarepaguá.
O Nonada conseguiu articular com um coletivo de Slam para realizar uma batalha de poesias sobre desinformação para uma turma do Ensino de Jovens e Adultos de Porto Alegre, durante a Feira do Livro local.
O Sul21, também de Porto Alegre, encerrou o programa com um encontro sobre informação falsa junto a um grupo de trabalhadoras domésticas.
O Carrapicho Virtual, de Juazeiro, na Bahia, realizou eventos com jovens que passaram a mapear a desinformação em seu território, no sertão baiano, e a carregar esse conhecimento consigo.
A gente acredita que a desagregação social é também uma estratégia de desinformação. Promover encontros e seguir apoiando iniciativas que fazem o debate acontecer no chão pode parecer pequeno, mas tem efeitos profundos e transformadores para quem vive esses encontros. Que lembremos disso durante os próximos meses.
Texto por: Jessica Mota, coordenadora do Laboratório Énois
